Paco, o bandoleiro que
assolou a serra gaúcha
“O interesse pela vida de
Paco ainda não esmoreceu, ao contrário, tem se ampliado, alimentando a
curiosidade dos pesquisadores os quais procuram desvendar e analisar a
trajetória deste mito que permanece vivo na memória dos habitantes da serra
gaúcha. Ele parece que veio de um filme de “Far West”, saltando do pingo
empinado.
Herói de capa e espada, de
poncho e bacamarte, a sua sombra assola as povoações e as colônias por onde o
Rio das Antas rola e rumoreja diante das vertigens verdes das serras, por cujos
flancos se alcantilam os parreirais que tremem. Corre uma lenda que prestigia
sua figura de caudilho e bandoleiro, intangível pelas balas dos que se defendem
dos seus assaltos e pelas autoridades policiais que o procuram prender. A
superstição popular o colocou em confabulações diabólicas e lhe deu o dom de
intangibilidade, mercê da qual escapa das armadilhas que lhe são armadas.
E ele, que parece ter
surgido de um cenário bárbaro, afronta meio mundo, como um ciclone destruidor e
leva de vencida os obstáculos que lhe são opostos. Vai, pelas serras a pique, o
poncho ao vento, a garrucha na mão, o olhar aceso em chama e sangue, deixando
atrás de si a poeira que levanta nas estradas, o murmúrio de lágrimas e queixas,
o tumulto de imprecações de revolta, traçando pelas serras a trilha das suas
façanhas, escritas a ferro e a fogo”. (texto extraído da introdução do livro de
Antônio Jesus Pfeil – O trágico fim do
bandido Paco).
Capa do Livro "O trágico fim do bandido Paco, subsídios para
um roteiro cinematográfico". Canoas:Bortolini Edições, 1990.
O bandoleiro da serra
gaúcha.
Francisco Sanchez Filho,
conhecido como Paco, construiu a sua historia na serra do Nordeste do
território gaúcho, usando a sua ligeireza no gatilho e a destreza no manejo da
faca. Tornou-se um homem respeitado, o classificavam como um “bandido social”.
Homem que tinha como norma de vida “roubar dos ricos e dar aos pobres”, mas
defendiam os seus interesses pessoais.
São atribuídas a paco
mais de 150 mortes, centenas de furtos e milhares de atos que demonstraram a
sua preocupação com o bem-estar dos camponeses.
Em mais de duas décadas
ele serviu como uma espécie de cabo eleitoral do hábil político Borges de
Medeiros. Trazia os colonos de caminhão da roça para cotar nos candidatos
borlistas nos plei
Família
Sanchez
Desde que pisou no
território gaúcho, a historia da família Sanchez foi marcada por fatos fortes.
Francisco e Pilar Sanchez, pais de Paco, chegaram e se estabeleceram no
interior de Bento Gonçalves cercados de mistérios.
Dona Pilar era uma mulher
de sangue nobre que teria fugido para casar com Francisco, um homem trabalhador
e rústico. A fama de Paco deixou a historia dos seus pais em segundo plano,
Paco e sua esposa, Maria, tiveram dez filhos. Mas falam que ele teve mais de 15
com outras mulheres.
Atualmente, da parte dos
descendentes de Paco há uma espécie de trato a respeito da historia dele:
querem esquecer. Um de seus filhos inclusive já impediu, via justiça, que fosse
realizado um filme sobre a sua vida.
Mas dificilmente terão
sucesso em parar as pessoas interessadas em especular a vida de paco. A sua
historia real esta correndo risco de se misturar com lendas. Algumas das
cavernas de Rio das Antas, onde ele se escondia da Policia, hoje são atrações
turísticas. O prédio do Hotel Campagnoli, em Nova Roma onde jogava cartas e se
meteu em muitas brigas no inicio do século, ainda existe como Casa da Cultura.
Paco, o bandoleiro:
tempos de muitas lutas.
Homem rápido no gatilho e
hábil no uso da faca enfrentou-se em tiroteios com a polícia, ajudou políticos
a ganharem eleições, duelou com seus inimigos e envolveu-se com belas mulheres.
São creditados ele mais de 150 mortes, inúmeros roubos e fugas espetaculares
das autoridades.
Foi morto em uma
emboscada em 1931, no interior de Veranópolis, com 280 tiros.
Paco foi um herói ou um
bandido?
Para os historiadores e
contemporâneos da sua época ele foi um sobrevivente daqueles tempos onde tudo
era difícil “tempos de lutas”.
Primeira
família de Paco
Maria Facchin Sanches
depois da morte do marido, nunca mais se casou. Morreu em outubro de 1980, aos
oitenta e sete anos.
Ramon, o filho mais velho
de paco, trabalhou como agricultor. Casou duas veses e teve quinze filhos. Até
morrer, em Passo Fundo, em 1998, aos oitenta e sete anos, sofreu com pesadelos
das torturas da policia na adolescência.
José, o segundo filho, reside
em Bento Gonçalves. Casou duas vezes tem sete filhos. Aos oitenta e seis anos,
mora com a segunda mulher, Lídia.
João, o terceiro filho,
trabalhou como caminhoneiro e vendedor de frutas. Morreu em 1997, em Bento
Gonçalves, aos oitenta anos. E teve oito filhos.
Carmelina, a quarta filha
de Paco, casou-se com um agricultor em Veranópolis, com quem teve nove filhos.
Ficou viúva e faleceu em 1996, aos setenta e sete anos.
Angelina, a quinta filha
de Paco, tem, tem oitenta anos e reside nas proximidades do local aonde o pai
foi morto. Seu marido faleceu em 1995.
Antonina, a sexta filha,
hoje mãe de dez filhos, ficou viúva aos trinta e oito anos. Aos setenta e seis
anos, reside em Mato Grosso.
Victorio, o sétimo filho,
saiu de casa para morar em Rio Pardo. Casou-se aos cinquenta anos e teve dois
filhos. Morreu em 1998, aos setenta e dois anos.
Antônio, oitavo filho,
trabalhou como pedreiro. Pai de dois filhos morreu de câncer em 1986, aos
sessenta anos, em Bento Gonçalves.
Hermínio, o nono filho,
morou com a mãe durante vinte e nove anos. Aos setenta e dois anos, reside em
Bento Gonçalves, tem cinco filhos e nove netos.
Josephina, a caçula,
começou a caminhar quando tinha oito anos, devido a problemas de saúde
ocasionando pelas torturas da polícia. Tem setenta anos e reside em Bento
Gonçalves.
Segunda
família de Paco
Olímpia Frattini, a
segunda mulher de Paco, foi morar em Nova Prata depois da morte do marido.
Casou-se novamente. Em 1959, abastecia um lampião quando provocou um incêndio,
queimando-se gravemente. Faleceu dias depois em um hospital, aos cinquenta e
quatro anos.
Luiz, o primeiro filho de
Paco com Olímpia, tem setenta e sete anos e dez filhos. Reside em São Luiz
Gonzaga, na região das Missões.
Aquiles, o segundo filho,
serviu ao Exército e depois trabalhou como caminhoneiro. Faleceu em 1980, de
câncer. Deixou quatro filhos.
Arlindo, o caçula tem
setenta e dois anos. É casado, tem quatro filhos e reside em Nova Prata.
Aposentou-se como caminhoneiro e, de todos descendentes, é o que mais se parece
fisicamente com o pai.
Terceira
família de Paco
Paco ainda deixou outros
três filhos com outra mulher, identificados apenas como Tereza. São os únicos
descendentes diretos de Francisco Sanches filho que não assinam o seu
sobrenome. Até hoje o paradeiro deles é desconhecido.
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