A EDITORA VECCHI
Texto de Dari J. Simi
Ainda está por ser feita uma “História das
Editoras Brasileiras”de literatura de massa. Cada volume contaria a história de
uma das numerosas editoras que criaram não só o nosso mercado livreiro, mas
também a nossa própria literatura. Nada
mais justo do que registrar para a História a atividade humilde e subterrânea
daquela meia dúzia de sujeitos idealistas que enfiaram a mão no bolso e
custearam a publicação de prosadores desconhecidos e poetas anônimos.
Uma editora pela qual tenho um apreço especial
é a Editora Vecchi, fonte inesgotável de livros de aventuras . Ficava à Rua do
Resende, nº 144, no Rio de Janeiro, e entre as décadas de 1950-1960 produziu
dezenas de títulos. Seu carro-chefe, pelo menos do meu ponto de vista, era a
coleção dos romances policiais . Outras coleções também eram muito apreciadas,
como, “Os Maiores Êxitos da Tela”, com as obras originais de filmes de
sucesso: O corcunda de Notre Dame com
Gina Lollobrigida na capa, Anastácia com
Ingrid Bergman e Yul Brynner, Sissi com
Horst Bucholz e Romy Schneider, além de A Dama
das Camélias, Manon
Lescaut e o Joana
D´Arc de Jules Michelet. Tinha também a coleção “Os Audazes”,
que publicou inúmeros faroestes dos autores americanos Archie Joscelyn, Johnston
McCulley, Max Brand e James Fenimore Cooper. Na mesma coleção , “Os Audazes”, a Vecchi publicou clássicos romances de aventuras de Rafael Sabatini (O Cisne Negro) e Mark Twain (As aventuras de Huck), além das
vidas de Robin Hood e Buffalo Bill.
Uma das melhores coisas da Vecchi eram as suas
artísticas sobrecapas em cores, do pintor Nils. No melhor estilo das capas dos
“pulp magazines” americanos, Nils preenchia a capa inteira com ilustrações em
cores berrantes, cheias de movimento, com vários rostos e grupos de pessoas em
planos superpostos, num estilo celebrizado depois pelo ilustrador Benício. A
capa do livro parecia um poster de filme, e era cortada por frases como
“Eletrizante aventura de Arsène Lupin”. A Vecchi marcou um período de transição
da literatura de massas no Brasil, quando as novelas de entretenimento para
consumo popular começaram a migrar das revistas mensais ou quinzenais e de
quadrinhos, e a invadir o espaço nobre dos livros. A Vecchi tem uma história fascinante, que merece e precisa ser
contada.
Para ilustrar este artigo, adicionei 4 fotos de livros de minha coleção, todos publicados pela Editora Vecchi.
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