quarta-feira, 28 de outubro de 2020

 

LEMBRANÇAS

Poema de Dari José Simi

Em memória de Juliano da Silva Simi

 

Passam-se os dia, passam-se as noites,

A lua prateada e o sol brilhante,

Os dias massivos e os dias chuvosos,

Suspiros alegres e dias bonitos.

 

Palavras tristes que não me dissestes,

Os deuses dos campos as recolheram

Para que a brisa suave e orvalhada

Em monumentos secretos as transformassem.

 

Nos caminhos do sol, nos caminhos da lua,

Fulgores de luzes clareando horizontes,

Que belos momentos, que doces venturas,

Alegres encantos vividos, doçuras!

 

Trazias a sorte escrita

Nas palmas das mãos.

Com grandes sorrisos,

Trazias o mundo no teu coração.

 

Perguntem porque, tão triste respondo,

As marcas do tempo profundas ficaram,

Nas doces lembranças, nos doces momentos,

Que nunca hão de passar.

 

O tempo é que dita o quanto vivemos,

O certo é que nunca ao tempo atendemos

E a vida que passa, a vida vivemos

Sem nela pensarmos o quanto ainda temos.

 

As máguas da vida o tempo apagou,

Somente lembranças agora ficou!





terça-feira, 27 de outubro de 2020

 

VELHOS TEMPOS

Poema de Dari José Simi

Desde que o tempo foi tempo

Desde que o vento foi vento

Desde que o chão foi chão

Tudo foi se consumindo, consumindo

Numa tênue bruma avoenga.

Anhangá-pitã e a teiniaguá

 Se avolumam buscando espaços,

E a  cobra grande, a boiguaçu, esvoaça

Pelos descampados e coxilhames

Espalhando fagulhas de fogo

Num rastro longo e brilhante.

Depois vem o silêncio,

O silêncio das taperas ancestrais

Desde que o tempo foi tempo

Desde que o vento foi vento

Desde que o chão foi chão.






segunda-feira, 26 de outubro de 2020

 

CASA BRANCA
Poema de Dari José Simi
Em memória de meus avós
Voltar ao pago um dia, que vontade!
viver as emoções de antigamente,
sentir o cheiro das manhãs douradas,
mirar o horizonte dos serros e coxilhas,
sentar à sobra da "leiteira", na cancela,
nobre figueira de galhos arqueados.
Rever a velha Casa Branca, da saudade,
lembranças que guardo desde guri,
das traquinagens que ali fazia,
correr na grama verde do potreiro,
tocar o engenho da guarapa,
sorver o leite quente da "Brazina".
A Casa Branca, agora demolida
prá dar lugar a um rancho novo,
deixou imagens que desfilam pelas sendas
e rincões avessos de minha memória,
iluminadas pelas chamas dos lampiões,
a consumirem-se no pavio do tempo velho.
Sem tua presença, marco distante,
no burburinho redomão dos meus ais,
doce lembrança, só me traz saudade,
voltar ao pago não desperta mais
os meus anseios de rever-te ao menos
por um instante...nunca mais.
Hoje cada vez que a invoco,
me vem a presença do ausente...