Canoas também teve seus mitos e
lendas
Pesquisa de Dari José Simi - darisimi@gmail.com
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Toda cópia de qualquer texto ou imagem de meus blogs solicitar autorização expressa através do email - darisimi@gmail.com. LEI Nº 9.610 de Fevereiro de 1998, que regulamenta os direitos autorais
Mito - provem do latim “mythus” e do grego “mythos” (fábula). Narrativa dos tempos fabulosos e heróicos. Narrativa de significação simbólica, geralmente ligada a cosmogonia e referente a deuses encarnadores das forças da natureza e/ou de aspectos da condição humana. Representação de fatos ou personagens reais exagerada pela imaginação popular, pela tradição.
Basilio de
Magalhães define o mito como “transfiguração dos seres e fenômenos naturais em
corpos inaturais e forças sobrenaturais.” É de opinião que do mito se originam
as lendas.
Luiz da
Câmara Cascudo considera o mito como “um sistema de lendas gravitando ao redor de um tema central com
área geográfica mais ampla e sem exigências de fixação no tempo e no espaço.”
Lenda - provem
do latim “legenda”.Narrativa de acontecimentos fantásticos, tradição popular,
conto, história fabulosa, mentira, invenção.
Narração escrita ou oral, de caráter maravilhoso, em que os fatos
históricos são deformados pela imaginação do povo ou de poetas.
Luiz da
Câmara Cascudo considera a lenda como “um episódio heróico ou sentimental com
elemento maravilhoso ou sobre-humano, transmitido e conservado na tradição oral
popular, localizável no espaço e no tempo.”
A lenda
apresenta as seguintes características: oralidade, antiguidade, persistência e
anonimato.
Encontra
maior circulação no meio rural. Geralmente, ao redor dos fogões, surgem os
contadores de “causos”. No passado os andarengos, os tropeiros e os
carreteiros, cujas atividades ambulantes facilitavam o recolhimento destes
fatos folclóricos, foram os seus maiores divulgadores.
Origem
lendária do nome de Canoas:
Segundo uma
tradição muito antiga que foi contada ao historiador Walter Spalding pelo
canoense Guilherme Schell, a origem do nome de Canoas provem da palavra
“canuera” – local onde os índios tapes faziam os sepultamentos de seus mortos.
O escritor
de “A Divina Pastora” e “O Corsário”, Antônio José do Vale e Caldre e Fião,
confirma em seu “Ibicui-retã”, publicado
na Revista do Partenon Literário, de 1873, que o termo “canuera” tinha o
significado de “lugar dos mortos, cemitério”.
Com o correr dos anos o nome foi se deturpando
e “canuera” transformou-se em canoa, depois Canoas.
Esta é mais
uma versão para a origem do nome de Canoas, que esteve até pouco tempo envolta
em mistérios. Mas graças as pesquisas que fez o historiador João Palma da Silva
para elaborar a obra “As Origens de Canoas”, depois de muito debater-se para
identificar a origem do nome de Canoas, descobriu por informações de alguns
antigos canoenses, a verdadeira história. Tudo teve início com a derrubada de
grandes árvores para abrir caminho à estrada de ferro que deveria passar por onde hoje é o centro
de Canoas. O proprietário das terras e mato, Major Vicente Ferrer da Silva
Freire, morador as margens do Rio dos Sinos, determinou a seus funcionários (ex-escravos do Major) que fossem aproveitar as madeiras cortadas para o fabrico de canoas, que
deveriam ser utilizadas no transporte de mercadorias no rio, único caminho até
então disponível para a comunicação entre Porto Alegre e a colônia de São Leopoldo. Quatro irmãos índios, Antônio,
Elias, José e Sebastião Corrêa, segundo Palma da Silva em depoimento de
Castorina Lima Silveira, executaram a tarefa.
Castorina
conheceu os irmãos Corrêa, “eram carpinteiros da ribeira, de serviços brutos.
Tocavam gaita e o “tio” José até fazia gaitas de foles. Eram das nossas
relações, sendo o “tio” Elias compadre da minha mãe. Eram dos ex-escravos do
Major Vicente Freire, sendo bem velhos já ao meu tempo de mocinha. O último a
morrer foi o “tio” José, o gaiteiro. O Antônio era chamado Antonicão, por ser
alto. O Sebastião casou uma filha com o Militão, e uma filha deste viveu em
Canoas.”
Com a
construção de uma estação ferroviária no local, esta ficou conhecida por muito
tempo, Estação das Canoas.
Mitos que
circularam por Canoas:
Vamos citar alguns que tiveram seus nomes
registrados pela história por suas realizações e exemplos. Sebastião Coelho;
Marisa Ficagna; os fantasmas da Santos Ferreira.
Sebastião Coelho
Sebastião Coelho foi batizado na cidade de Torres em
23 de janeiro de 1858 e faleceu na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre,
em 4 de maio de 1958.
Uma crônica
da época assinada por R.I.P. diz o seguinte: “Faleceu o crioulo velho, o seu
Bastião, que morava nos fundos da Igreja de São Luiz, de Canoas. Não se apartava do templo nem de dia, nem de
noite. Diariamente assistia à Santa Missa e comungava. Assim fazia, porque a
Sagrada Comunhão era a sua força. Dizia ele que Ela o ajudava a gostar mais de
Deus e do trabalho. Nas quartas e
sextas-feiras da Quaresma só tomava pão e água. Aos domingos, quebrava o jejum
só depois da última missa. Causava-lhe muita tristeza que tantas pessoas,
principalmente de sua cor, freqüentavam o espiritismo e a umbanda. Não sabia
ler, nem escrever. Só sabia amar Nosso
Senhor. Trabalhava sempre de graça, vivendo do que lhe davam, mas só aceitava o
necessário. Morava sozinho numa pobre choupana, onde ele mesmo cozinhava, até
que as R.R. Irmãs do Colégio Maria Auxiliadora lhe mandavam a comida. Não se
sabe quando nasceu. Só consta o dia do seu batizado. Realmente, viveu mais para
o céu do que para a terra.”
João Palma
da Silva dedicou-lhe uma de suas crônicas do Correio do Povo de Porto Alegre,
que intitulou “Recordando um Santo”.
O padre
Pedro Luiz Botari publicou um livro sobre
Bastião, cujo título é “O Diamante Negro de Canoas ou Tio Bastião
Coelho”, editado em 1964. Igualmente, há um texto, ainda inédito, de Inês
Charlier Aklert – “Bastião, um santo popular em Canoas”. Trabalho de conclusão do Curso de
Especialização em Folclore, da Faculdade de Música Palestrina de Porto Alegre –
FAMUPA.
Sebastião
Coelho tem lugar certo na história da fé católica em Canoas. Seu corpo está sepultado no cemitério mais
antigo de Canoas. Seu túmulo é muito concorrido. Inúmeras pessoas vão depositar
flores o ano todo, especialmente no dia de
finados, em agradecimento por graças alcançadas. A fama de “santidade” de Sebastião vai longe,
devotos tem publicado agradecimentos por graças alcançadas, em jornais da
capital.
Marisa Ficagna
Marisa Ficagna, jovem assassinada a tiros em 21 de
abril de 1964 pelo noivo, em frente a sua residência. O crime teve repercussão
na cidade de Canoas, pois era aluna do Colégio Maria auxiliadora e filha do
proprietário da Fábrica de Acordeões Cila Ltda., do Bairro Niterói.
O seu
túmulo, no cemitério Santo Antônio, está coberto de placas agradecendo graças
divinas alcançadas. Também é grande o
número de pessoas que rezam em frente à sua sepultura, principalmente no dia de
finados.
Segundo se
conta, Marisa, que morreu com 17 anos de idade, tempos depois apareceu a uma
tia dizendo que seu corpo não havia entrado em processo de decomposição. A tia foi ao cemitério e confirmou-se a
afirmação. A partir daí teve início a
“lenda” e seu túmulo é muito visitado por
pessoas que rezam agradecendo e/ou pedindo graças.
Os Fantasmas da Santos Ferreira
Os fantasmas da Santos Ferreira – Próximo ao nº 3200 da Av. Santos
Ferreira, vivia um casal de velhos, ainda no início do século XX. Diz a crença
popular que numa noite a velha matou seu marido e jogou o corpo em um poço. De
tempos em tempos, dizem, o velho sai do poço à procura da velha.
Outra crença
popular refere-se a uma noiva que tinha casamento marcado na Igreja Matriz de
São Luiz Gonzaga. Seu noivo não apareceu, tendo a noiva aguardado por muitas
horas frente ao altar. Desesperada a
noiva joga-se em um poço que se localizava frente ao Cemitério Municipal, na
Chácara Barreto. Desde então, no mês de maio, muita gente jura ter visto uma
bela moça vestida de noiva sair do poço em busca de um noivo.
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