IRENO MACHADO (1930-1972)
Pesquisa: Dari José Simi
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Músico,
acordeonista e cantor, natural da localidade de Rincão dos Alves, 4º distrito
de Jaguari, RS, onde nasceu a 17 de dezembro de 1930 e faleceu no Rio de
Janeiro em 22 fevereiro de 1972. Filho de
Marcírio Alves Machado de Oliveira (1881-1964) e de Virginia Tanchella Simi
(1885-1939). Era o filho mais novo de uma família de 10 irmãos. Não era o único
músico da família, porém, o que foi mais longe.
Seus irmãos João Simi de Oliveira
(o Joanete – 1911-2003); Antonio Machado
de Oliveira (1918-1985) e Zeferino Machado (o Neno -1922), também foram
gaiteiros dos bons e abrilhantavam os
bailes da região com suas gaitas de botão.
“O
surgimento de talentos em artes, móveis, construção de artefatos deu destaque à
localidade. Os músicos, os grupos de danças gauchescas, os trovadores,
declamadores, os instrumentistas de gaita (ponto e piano), violão, bandonion
projetou Rincão dos Alves no cenário regional. A arte musical iniciava com o
aprendizado do manejo da gaita ponto, seguida da pianada (teclado) das marcas
Somenzi, Todeschini, etc. Na cidade
havia uma família Machado, sem qualquer parentesco com os Machado de Rincão dos
Alves, cuja arte ia sendo passada de pai
para filho. O velho Machado (avô paterno de Ireno, João Alves Machado,
1859-1944) tinha os filhos Quim, Jurandir, José e outros que, já desde meninos
saíam dedilhando os botões ou o teclado
da chorono. A arte vinha de berço – já nasciam tocando. De certa forma estes músicos, mais outros de
expressão nacional como Mario Zan, (exímio acordeonista), depois os Irmãos
Bertussi, inspiraram pessoas do Rincão dos Alves a seguirem a arte musical.
Para alguns, esta arte não só era diversão como também fonte de renda da
família pois executavam suas músicas em bailes e festas de casamento, aniversário e outros eventos
festivos.
Os filhos de
Marcírio Machado e Virgínia Simi, entre eles Antonio, Zeferino João (Joanete) e
Ireno se tornaram gaiteiros, Antonio, Zeferino e Joanete tocavam em bailes da
redondeza. Já Ireno seguiu
profissionalmente a carreira de artista, dominando o acordeom e se apresentando
em rádios e em shows no interior do Rio Grande e fora dele.” (Hermes Bressan)
Ireno tornou-se
conhecido do público gaúcho graças ao
seu variado repertório, que falava das coisas dos pagos riograndense. Iniciou
sua carreira artística em 1955 na Rádio Imembuí de Santa Maria. Devido ao
sucesso alcançado logo transferiu-se para as rádios Farroupilha e Gaúcha, em
Porto Alegre. Daí para as emissoras
Belgrano (Buenos Aires) e Nacional (Montevideo). Depois de muitas andanças pelo
Uruguai, Argentina, Rio Grande do Sul e São Paulo com grande sucesso, não foi
difícil cativar a simpatia do povo carioca. No Rio de Janeiro viveu seus
últimos dias, quando um derrame cerebral (AVC) calou sua maravilhosa voz para
sempre.
Neno (Zeferino Machado) - gaiteiro, irmão de Ireno
IRENO MACHADO E SUA TRAJETÓRIA
“Já desde
menino mostrava-se talentoso no manuseio de instrumentos musicais como gaita
ponto, violão e pandeiro. Nos bailes, animados por seu irmão Antonio Machado de
Oliveira, era o pandeirista.
Mais tarde
aprendeu a tocar violão, por conta própria, sem qualquer instrução de
terceiros, porém, depois de aprender
melhor recebeu aulas de outros mais experientes. Não demorou em aprender acordeom, do tipo 8
baixos e pianada – teclado. Gaita ponto
não lhe agradava muito, por isso não se interessou em usá-la. Deixou para seu irmão João (Joanete).
Tentou
formar parceria ou dupla com outros colegas músicos, mas não prosperou. Seguiu
sua carreira solo.
Casou muito
jovem com Oracy Feliciani, professora municipal, com quem teve dois filhos:
Vladimir e Edemir. Vladimir, aos 5 anos
de idade, com a separação de seus pais, foi morar com sua tia Idalina Simi de
Oliveira, na cidade de Jaguari, onde ficou até os 16/17 anos, quando saiu para
morar com seu pai no Rio de Janeiro.
Já vivendo
da profissão de músico, Ireno fazia apresentações ao vivo, vocal e instrumento, em rádios de Santa Maria, Jaguari,
Uruguaiana, São Francisco de Assis, Livramento,
Porto Alegre, etc. Tornou-se um exímio acordeonista que, aliado ao seu vestir
elegante e charmoso, encantava as mulheres de todas as idades. Muitas delas,
mesmo vivendo em famílias de postura exemplar na sociedade, não conseguiam resistir
ao charme e encanto do artista da gaita, deixando-se levar pelo impulso de uma
aventura imprevisível.
Para
livrar-se do assédio local, foi morar em Porto Alegre, onde, após 2 anos de
apresentações, conseguiu gravar um compacto de 8 músicas, todas de sua autoria
– voz e instrumental próprio.
Aos 40 anos,
passou a morar no Rio de Janeiro, onde conheceu Luzia com quem se casou
oficialmente, porém o convívio não foi muito longe, não só devido ao seu
envolvimento com o mundo artístico, o que despertava ciúme em sua mulher, mas a
presença dos novos integrantes da família (os filhos do Ireno). Nessa época , seus dois filhos Vladimir e
Edemir já moravam no Rio, com alternância no mesmo teto. Passou então a
conviver com outra companheira, porém em tetos separados, constituindo-se num
relacionamento não muito amistoso, obrigando-o a se envolver em discussões
possessivas. Disto resultou na elevação da sua pressão arterial, culminando com
um AVC fulminante, tirando-lhe a vida aos 42 anos de idade em fevereiro de
1972.” (texto extraído do livro de Hermes Bressan – Rincão dos Alves: raízes e
história: Jaguari – 4º Distrito: resgate da memória dos rinconenses,
1909-2011.)
LP Gravadora
Fontana FTLP 69.027 com as seguintes músicas:
Deixa Disso
(Ireno Machado/Wilson Getúlio); Não Chora (Ireno Machado/Dimas Costa); O Rei e Eu (Ireno Machado); Moreninha Bem-Querer (Rubens Santos); Triste
Despedida (Ireno Machado/Franco Ferreira); Vou Deixar Minha Fronteira (Ireno
Machado/Wilson Getúlio); Reconciliação (Ireno Machado); Me Dá Tua Mão (Ireno
Machado/Hiran Aquino); Rincão Distante (Tito Neto/Vladimir Machado); Dono da
Esperança (Ireno Machado/Hiran Aquino); Faça-me Andorinha (J.B. Gonçalves/Luzia
Cezaroni); Você Chorando (Tito Neto/José
Vale).
Foto da capa do compacto duplo do acervo de Dari Simi
Compacto com
as seguintes músicas: Regresso aos Pagos
(valsa, na voz de Ireno); Que Será da
Minha Vida (bolero, na voz de Oneri de Oliveira); Preciso Me Casar (toada campeira, na voz de
Ireno); Cavalinho Branco (Fox, na voz de Oneri de Oliveira). Todas as letras e
músicas são de autoria de Ireno Machado.
Capa do compacto duplo lançado em 1970 pela CBS
com as seguintes músicas:Última Lembrança (Luiz Menezes);
Abre a porteira Rio Grande (Ireno Machado); Para o amor não há fronteira (Paulinho Pires);
Velha gaita companheira (Paulinho Pires.
Abre a porteira Rio Grande (Ireno Machado); Para o amor não há fronteira (Paulinho Pires);
Velha gaita companheira (Paulinho Pires.
Foto do acervo de Dari Simi
darisimi@gmail.com
Foto encontrada na Internet